segunda-feira, 28 de julho de 2008

GRAVURA - Influências na Nova Geração

Gravura, técnica artesã e de ofício manual, por vezes de uma relação muito direta, e até mesmo visceral, entre o artista criador e sua obra. Apaixonante por sua delicadeza, texturas, força expressiva e poética se deixa apropriar por inúmeras temáticas resultando num produto final de grande beleza plástica e visual.
A partir do legado histórico de tradição da gravura na Escola de Belas Artes da UFBA pretende-se estabelecer não somente relações puramente formais e poéticas entre alguns dos grandes mestres da gravura baiana e os jovens artistas gravadores, mas sim, e antes de tudo, destacar o uso investigativo e novo feito pelos artistas modernos baianos já na década de 50, influenciando substancialmente as gerações posteriores até a contemporaneidade e reafirmando a gravura como uma técnica autônoma e expressiva, além de ter introduzido o uso do múltiplo como obra de arte, a valorização do papel como suporte e a aplicação e abertura dos processos artísticos para novas possibilidades e experiências.
Muitos pré-conceitos foram derrubados desde então e a gravura continua a ser ensinada, difundida e utilizada cada vez mais. É necessária a reflexão sobre essa prática artística por tratar-se de uma técnica onde, em regra, há um forte sentimento de coletividade com o uso comunitário do atelier, dos materiais e das ferramentas de trabalho. Num mundo cada vez mais marcado pelo individualismo e pela privatização de espaços públicos destinados ao trabalho coletivo, o atelier de gravura resiste ao sentimento moderno de exclusão “do outro” e da apropriação do espaço como um espaço restrito e individual.
No atelier o fazer artístico e o trabalho coletivo com ferramentas, máquinas e meios diversos necessários para a produção de gravuras resgatam de maneira bastante nostálgica a relação intrínseca ao artista enquanto artesão da sua arte no trabalho árduo e paciente para o aperfeiçoamento da técnica e superação de si próprio enquanto indivíduo criador, ao tempo que permite uma integração e disseminação das idéias e resultados alcançados entre os diversos artistas que se utilizam desse espaço.
Esta exposição conta com 28 artistas de diferentes gerações de gravadores que já passaram pelo atelier de gravura da EBA, numa pequena mostra coletiva da gravura contemporânea e seus desdobramentos estéticos ocorridos ao longo desses pelo menos 50 anos de gravura produzida na Bahia.
Paulo Vitor Leal
Josemar Antonio

Salvador, 03 de julho de 2008

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